Encerramento – Estreia “Sinfonia Brumariana de Otacílio Melgaço” e “Varo, 1963”

Bárbara Pessali-Marques · 21 de maio de 2021

Para o encerramento do I Festival Dance comCiência a bailarina Leticia Oliveira apresentará dois trabalhos inéditos, em seguida, Dra Bárbara Pessali-Marques conduzirá uma discussão com a artista sobre os processo de pesquisa das obras seguida por questionamento dos participantes.

Sinopse

Performance de Letícia Oliveira para o quarto movimento Sinfonia Brumariana de Otacílio Melgaço, Terra|AR.

“Brumariana é um termo cunhado por mim e que nos traz a confluência lexical de ambas catástrofres tão incisivas
às vísceras e veias mineiras.

Idealizações e princípios tomaram como norte: uma leitura sinfônica sob as asas da contemporaneidade, tanto concepcionalmente quanto em formas e condutos adotados.

Se as causas e
efeitos das calamidades que
assolaram Mariana e Brumadinho, respectivamente partiram de
mãos humanas para depois estrangular não somente vidas de seus semelhantes mas igualmente
de complexos biomas sequenciais,
a polissemia polifônica que é conteúdo do continente aqui sinfoniado: tudo abarca.”
(Otacílio Melgaço)

“Crime derramado em lama e lágrimas,
Vida em cúpula no meu corpo.
Esta dança é uma visita à memória, um processo pesado e libertador na trilha sonora deste grande artista! “
(Letícia Oliveira)

Deslustra do mundo real, o delírio busca constância.


Varo, 1963 – é um processo de vida e arte impulsionado pela elevação do sonho como forma de resistência no atual contexto histórico, social e artístico.
Ultrapassando a racionalidade e as limitações da vida consciente, o sonho e o acaso deformam em jogo o inconsciente e traz a subjetividade como revelação da identidade.
A ideia de êxtase, um dos pontos fundamentais que caracterizam a expressividade no Surrealismo, pode ser acessada a partir da ampliação da consciência que eleva a capacidade de fazer analogias e a de surpreender.
A intérprete-criadora indaga sobre a visão e conduta social que o corpo é exposto como uma simples máquina da consciência. Bem como o anseio de oportunizar um deslocamento da racionalidade no processo criativo em dança, através da pesquisa e vivência de uma composição provinda do inconsciente, do desejo e da improvisação. E ainda, impulsionada na investigação pelas mulheres artistas surrealistas que escassamente são representadas na literatura sobre o surrealismo e totalmente evidenciadas nas obras deste movimento, o corpo feminino nas formas mais místicas e indecifráveis ao olhar de sujeitos masculinos.
Uma equipe multidisciplinar com desempenho e autonomia criativa, questiona a matéria e oferece impulso para infinitas possibilidades de mutação que podem vir a surpreender não apenas o espectador, como também os próprios artistas envolvidos no processo de criação.

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  1. E, nessas tragédias, vidas não “pensantes”, intuitivas, in conscientes de animais foram largadas pra trás, as que mais foram soterradas pela lama. Pra Vale, Samarco, a vida não vale. Que dirá a vida animal… animal sem “consciência “